quinta-feira, 19 de julho de 2012

Resposta ao "puxão de orelha"


Em decorrência de meu último post neste blog, recebi algumas “críticas” a respeito do que fora dito. Há quem me acusou de “anti PT”. Outros me disseram para não me expor de tal forma, pois não fica bem colocar em público minha posição política. A todos respondi da mesma forma: não há posição política alguma. Há sim uma crítica feita ao Governo, independentemente de partido ou de quem esteja à frente do país. Se fosse o Lula, o Fernando Henrique Cardoso, o Juscelino Kubitschek... ou qualquer outro, a crítica seria a mesma.

O que tem que ficar claro é que uma nação que se diz medida pelo que faz pelas crianças e adolescentes não pode ter uma das piores educações do mundo. Não pode ser tão pouco desenvolvida em relação ao homem, ao humano. Uma nação que se diz ser medida pelo que faz pelos jovens deve manter um adequado sistema de educação. Deve erradicar a criminalidade infantil e os abusos em relação aos jovens. Deve dar a base para que, ao lado da família, todo cidadão tenha, desde a infância, condições de crescer por si próprio, sem depender de bolsa isso, bolsa aquilo...

Pronto, lá virão os puxões de orelha. “Jhony, tu não podes ficar falando mal do Bolsa-Família e as demais bolsas, pega mal...!”. Então, bueno. Pegando mal ou bem, essa é a verdade. Ajuda aos que precisam, sim. Mas, pelos jovens, façamos mais do que apenas caridade. Demos a eles uma perspectiva.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Nação(zinha)

"Porque uma grande Nação... ela deve ser medida por aquilo que faz 'prás' suas crianças e "prá" seus adolescentes. Não é o produto interno bruto. É a capacidade do país, do Governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são as suas crianças e os seus adolescentes".

Esse foi o discurso de nossa Presidente, Dilma Rousseff, na 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente realizada em 12 de julho em Brasília. Muito bonito, por sinal, mas destoado da realidade. Primeiro pelo fato de dependermos do PIB de nosso país para que tenhamos garantidos nossos empregos e que o bem estar da população seja mantido (pelo menos parte dela). Segundo, porque cabe o seguinte questionamento a cerca do que fora dito pela Presidente: o que está sendo feito pelas crinças e adolescentes de nosso país?

O Brasil ocupa o 88º lugar no ranking mundial de educação da Unesco. Apesar de sermos, atualmente, a 6ª economia do mundo, não passamos do 84º lugar em Índice de Desenvolvimento Humano. E a Excelentíssima Presidente da República tem a coragem de afirmar que é o que o País faz pelas crianças que deve servir de medida de uma nação. Podemos dizer, então, que somos, no máximo, uma "naçãozinha".

O discurso soou bonito em um congresso que discute a proteção às crianças e aos adolescentes, mas não há como deixar de analisá-lo diante da situação real do Brasil: um país de educação precária, que tem de importar tecnologia para conseguir crescer economicamente e manter-se produtora daquilo que o sustenta. Nem mesmo as universidades oferecem um nível competitivo internacionalmente.

Um país que pensa nas crianças e nos adolescentes não deve ficar satisfeito apenas com uma legislação modelo (como é o caso do ECA). Deve fazer valer as previsões legais e realmente praticar seus princípios, investindo em educação, o que realmente fará dos jovens cidadães dignos que, em retorno, contribuirão para o país.

Embora bonito, o discurso de Dilma Rousseff foi um verdadeiro tiro no pé.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por que não adoecer - parte II

Depois de ter de enfrentar o sistema público de saúde sem nenhum sucesso no problema do corpo estranho no olho, tive de dormir com o incômodo e só no dia seguinte procurar uma solução. Sim. No outro dia o cisco ainda irritava minha visão e causava dor no meu olho esquerdo.

A alternativa era marcar uma consulta "particular" com o meu oftalmologista, que apenas me atendeu porque insiti com a secretária, explicando a urgência do caso. Ela me "encaixou" em um horário, e dentro de dez minutos a contar daquela ligação eu estava no consultório.

Chamado à mesa de atendido por uma das secretárias, expliquei a situação e a frustrante experiência da noite anterior. A moça então pediu para que eu aguardasse, e dentro de instantes ela voltou com um colírio anestésico - o mesmo maldito colírio anestésico da noite anterior.

Depois de me aplicar aquela "porcaria", me encaminhou para uma sala de espera específica, afirmando que logo logo eu seria chamado. O tempo foi passando, meu olho anestesiado, eu mal conseguindo assimilar as imagens da TV, gente entrando e saindo, e eu ali, esperando, esperando, esperando... Parecia um déjà vu da noite no pronto atendimento.

Depois de cerca de quarente minutos é que fui chamado na sala do médico, que é com quem eu consulto quando o assunto é minha visão. Como de costume, o senhor foi muito prestativo e simpático. Atencioso, examinou com presteza meu olho, e não encontrando o corpo estranho de imediato, persistiu na procura. Meu olho fora revirado e por fim encontrado o "enorme" corpo estranho.

Só então pude realmente me sentir aliviado, pois estava livre da dor e da irritação. Mas estava um bocado mais pobre e sem ter concluído todas as tarefas que tinha minuciosamente planejado para aquela manhã.

Dirigindo até em casa novamente refleti a respeito do porquê em se manter saudável, em cuidar do corpo e da saúde. Pois até mesmo o sistema privado de saúde tem seus incovenientes, embora  não haja comparação com o público. Só que há o custo, e como em quase tudo no Brasil, a saúde também gira em torno do dinheiro.

Parece tosco falar, mas o melhor remédio ainda é prevenir. Pois ter de depender de um sistema falho, ou ter de abrir mão de considerável quantia para ter acesso à saúde é realmente um atentado à dignidade humana, por vemos que o destino de nossas contribuições em impostos é diverso ao dos nossos verdadeiros desideratos.

E que venha a Copa do Brasil em 2014, e as Olimpíadas dois anos depois!

Por que não adoecer


Nos dias de hoje são comuns – e é crescente na mídia o espaço para – programas de TV voltados aos cuidados com a saúde e bem estar do corpo. A razão é simples: todos nós desejamos manter a saúde em dia, sobretudo em um mundo cheio de elementos que vão de encontro com este desiderato. Procuramos conciliar a correria do dia a dia com o momento para uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos, o que nem sempre é possível.

Mas não é somente o perfil do cidadão atual – que não tem tempo para cuidar do corpo, que nos faz refletir a respeito da saúde. Eu, particularmente, passei a refletir mais a respeito de manter-me saudável por outro motivo: a possível necessidade de utilização do serviço público de saúde.

***

Eu estava trabalhando no escritório em que estagio em uma tarde comum, como qualquer outra, quando de repente senti um incômodo no olho: a sensação era de um cisco, mas não dava para ter certeza do que se tratava. Aliás, quando se trata de algo dentro olho, tudo parece a dimensão de um elefante.

Relutei por algum tempo, na esperança de que o “corpo estranho” pudesse sair do olho, mas sem sucesso. Chegou ao ponto de ter sido dispensado do trabalho por não conseguir me concentrar no serviço.

Com dificuldade fui para casa e, chegando lá, deitei na cama e fechei os olhos. Queria poder dormir e acordar sem sentir nada, mas infelizmente apenas dei algumas cochiladas e, quando resolvi levantar da cama para comer algo, a porcaria do cisto ainda estava lá, incomodando, irritando, chegando ao ponto de doer.

Sem esperança de que a sujeira fosse sair “sozinha” do meu olho, decidi ir ao pronto atendimento no hospital de minha cidade. Há de se ressaltar que a decisão foi pensada, pois já havia necessitado do serviço público de saúde e dele tinha péssimas recordações. Lá chegando tive de esperar quase uma hora para ser chamado – e o olho seguia doendo. Até que uma voz incisiva chamou pelo meu nome. Era a enfermeira, com cara de poucos amigos – ou nenhum.

Entrei no pronto atendimento e fui encaminhado para a sala de exames prévios: verificação de pressão, pulsação, questionário sobre alergias e doenças que pudessem influenciar no tratamento a ser ministrado. E a cada pergunta feita aquela voz áspera penetrava em meus ouvidos. Chegou ao ponto de eu ter de responder no mesmo tom de arrogância (até porque eu estava extremamente irritado com aquela situação toda). Pelo menos com o tom que passei a utilizar nas respostas a enfermeira ficou mais “querida”, mais simpática. O que deu para notar, quando fui encaminhado para uma das salas da enfermaria, era o fato de ela estar tendo algum desentendimento com o médico plantonista. Mas, e daí?!, eu não tinha nada a ver com isso, e não era em mim e nos demais pacientes que ela teria de descontar seus problemas.

Na sala da enfermaria fiquei uns dez minutos até um técnico em enfermagem vir me atender e pingar duas gotas de colírio anestésico no meu olho esquerdo. Depois disso, tive de esperar mais uns quinze minutos até que o médico viesse ver do que se tratava. Nesses períodos de espera é que refleti a respeito da saúde, e dos cuidados a serem tomados com ela, para jamais depender do hospital público. Pois não era somente eu que precisava do atendimento e teve de esperar longo tempo até ser atendido – e mal atendido. Havia pessoas com dor, gemendo, outras totalmente entregues à febre, à gripe, a enjoos... E o descaso com essas pessoas considerado corriqueiro pelos profissionais da saúde que ali perambulavam.

Foi aí que tomei uma decisão: cuidarei cada vez mais da minha saúde, para não precisar de um serviço precário, que mal enxerga a pessoa humana por traz do problema que a traz até aquelas condições. É claro que o caso do olho era algo que não dependia de caminhadas diárias e de uma alimentação balanceada; era fruto do acaso. Mas tirando essas situações emergenciais, pronto atendimento nunca mais.

***

Depois de mexer de todos os modos no meu olho, e de banhar-lhe com um soro fisiológico, o médico pediu se eu ainda sentia algum incômodo. Respondi que não e questionei se o fato de eu não sentir mais nada não poderia estar atrelado ao efeito anestésico. A resposta do médico fora negativa, afirmando que eu sentiria o corpo estranho mesmo com o olho anestesiado, e me dispensou. Saí de lá tranquilo.

Cheguei em casa e me instalei na cama para ver a final da Libertadores (e “secar” o Corinthians), quando, em cinco minutos, comecei a sentir, dentro do olho, o cisco e a importuna dor que o acompanhava. E pensei comigo mesmo: “maldito serviço público de saúde, maldito anestésico”.

sábado, 28 de abril de 2012

Is this love?

Quero te amar, te adorar, admirar sua beleza e cuidar de você, com carinho, te trazendo segurança e proteção.
Quero te amar, te acariciar, te abraçar, te beijar, todo dia e toda noite, a cada instante, a cada momento que dividirmos.
Estaremos juntos, bem juntinhos, unidos em um, com um teto sobre nossas cabeças, onde passaremos momentos inesquecíveis.
Dividiremos o aconchego da minha cama de solteiro, e você poderá sentir as batidas do meu coração.
Dividiremos o mesmo quarto, regado com muita paz, e Jah proverá o pão.

É amor, é amor, é amor, é amor o que sinto? Pois não há dúvida de que é, o amor mais puro, mais sincero e intenso.
Eu quero saber, quero saber, quero saber agora.
Eu tenho que saber, tenho que saber, tenho que saber agora, se também sente o mesmo por mim, para eu poder abrir de vez meu coração, entregar a você o que já te pertence, meu amor.

Estou disposto a tudo, tudo por esse amor que aumenta a cada dia.
Então, jogo minhas cartas sobre sua mesa, pois eu sei que o que sinto é amor, e sei que você é o meu amor Nina, e não tenho medo de me entregar.    

 

sábado, 14 de abril de 2012

Dia Iternacional do Café


Com a temperatura amena e alguns momentos chuvosos ao longo do dia, nada como um cafezinho para aquecer o corpo e uma boa leitura, sobretudo por ser este propício dia o Dia Internacional do Café. É... hoje, 14 de abril, é o dia desta tão adorável bebida que acompanha as profissões intelectuais e a todos os brasileiros, consumidores natos desta bebida que marcou em muito nossa história, seja movimentando a economia, seja em batalhas políticas (quem nunca estudou a oligarquia cafeeira na história brasileira?).

O café, planta que fora inicialmente cultivada no Oriente Médio, produz uma bebida que pode ser considerada brasileira, haja vista a grande qualidade e quantidade do produto que daqui sai, exportado ao resto do mundo. Aprendemos a cultivar com qualidade esta iguaria, e dela extrair um dos melhores cafés do mundo, aprimorando-se cada vez mais novas técnicas para agradar os consumidores.
 
O fato é que o café faz parte das relações sociais como um todo, em reuniões, em encontros de negócios, ou mesmo ao recebermos visitas em nossa casa. Se os ingleses primam pelo chá das cinco, nós não temos hora para nos servirmos de uma bela xícara de café. Inclusive agora, ao escrever este texto.

Então, aproveitemos a temperatura amena do dia de hoje em nosso amado Rio Grande, e tomemos um belo café na companhia dos nossos. Pois na terra do chimarrão, o cafezinho, sim, tem o seu devido valor.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Desacreditado Judiciário


Segundo publicação do site jurídico Espaço Vital, do dia 07 de fevereiro do corrente ano, 67% da população julga o PoderJudiciário pouco honesto. Cita o texto publicado que “de acordo com levantamento da Escola de Direito da FGV, coordenado pela professora Luciana Gross Cunha, 89% da população considera o Judiciário ‘moroso’. Além disso, 88% disseram que ‘os custos para acessar o Poder são altos’ e 70% dos entrevistados acreditam que ‘o Judiciário é difícil ou muito difícil para se utilizar’”.

A desconfiança no Poder Judiciário, segundo minha opinião, se dá por dois motivos: o primeiro diz respeito às publicações, nos diversos meios de comunicação, de notícias relacionadas à corrupção na magistratura; e o segundo está relacionado com o desconhecimento do processo judicial, dos procedimentos que fazem cumprir com o “devido processo legal”, o “contraditório”, a “ampla defesa”, entre outros princípios fundamentais.

Quanto às publicações da mídia, assim como ocorre em relação aos demais segmentos da administração pública, somente chegam ao conhecimento da população as notícias que fogem da normalidade da atividade dos magistrados: um juiz honesto não vira notícia, pois a honestidade é a qualidade mínima que se espera de um profissional que passa os dias a decidir o rumo da vida das pessoas. Destarte, através da mídia o povo apenas conhece o que há de negativo no Poder Judiciário.

O desconhecimento do processo, de seu turno, faz com que as pessoas não saibam dos procedimentos pelo qual a tutela jurisdicional percorre até alcançar o desfecho final; os inúmeros recursos possíveis; e a necessidade, em muitos casos, de um robusto conjunto probatório para que a decisão seja a mais justa possível.

Em suma, as pessoas querem justiça com agilidade, sendo que esta combinação nem sempre é alcançável, visto que “a pressa é inimiga da perfeição”, como afirma o velho ditado. Para bem julgar deve-se bem analisar. Para se fazer justiça em um “Estado democrático de direito”, o devido processo legal deve dar, igualitariamente, as possibilidades de se buscar a verdade dos fatos, seja a verdade formal, no processo civil, ou material, no penal. A justiça deve estar à frente da agilidade.

Além da pressa, o povo brasileiro não é capaz de “conciliar” suas divergências, preferindo sempre o embate, o que colmina em processos judiciais quando poderiam ser substituídos por transações. Buscando o Judiciário, sem conhecê-lo, tudo parece conspirar contra seus anseios, pela demora, pela burocracia, gerando a desconfiança no desfecho desejado.

É certo que o Poder Judiciário brasileiro, em inúmeros casos, é lento, burocrata, aparentemente descompromissado e, em algumas exceções, corrupto. Mas não se pode generalizar ao ponto de tamanha desconfiança em uma função tão importante da vida social, em busca, acima de tudo, da manutenção dos objetivos constitucionais do Estado e da sua manutenção como Estado democrático de direito.

Apressado e sem conhecimento da atuação do Poder Judiciário tal como estabelecida na lei, os brasileiros continuarão julgando-o moroso, com altos custos – sendo que muitos se utilizam do acesso judiciário gratuito – e difícil o seu acesso – muitas vezes evitável. São duas faces de uma moeda tão necessária ao nosso bem estar, que devem ser analisadas com critérios bastantes para poder-se tirar conclusões racionais e fundamentadas.

Desacreditamos na justiça, mas louvamos o carnaval. Essa é a faceta do tão esclarecido povo brasileiro, que insiste em reclamar com os braços cruzados.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Diminuto


di.mi.nu.to (lat diminutu) adj. 1 Reduzido a pequenas dimensões. 2 Muito Pequeno. 3 Escasso.

Não pude deixar de verificar, no Dicionário Pasquale, o significado da palavra “diminuto”, pois foi a que me veio à cabeça enquanto me encarava no espelho. A academia estava relativamente cheia, o que tornava a realização dos exercícios um tanto quanto difícil. Os aparelhos estavam sempre ocupados, e revezar não era a melhor solução: geralmente eram trinta quilos de diferença entre os pesos que eu erguia e os que o restante dos rapazes erguiam, o que daria muito trabalho para retirar e recolocá-los. Restou-me realizar os exercícios de bíceps, o que não exige aparelho, e o peso que eu utilizava estava muito aquém ao dos companheiros musculosos, não sendo disputado.

Enquanto eu fazia, tranquilo, o levantamento dos seis quilos em cada braço, sem esboçar nenhuma alteração na expressão facial, olhava para o lado e via aqueles caras levantando, no mesmo exercício que eu, vinte quilos em cada braço, em “caretas” intermináveis. O bíceps deles crescia, na mesma espessura das minhas coxas – ok, exagerei um pouquinho, mas só um pouquinho. Ainda, outros fazendo o supino com uns cinqüenta quilos de cada lado. E eu feliz da vida com quinze, realizando com esforço a última série, de um total de três. Enquanto eu terminava o exercício, eles se admiravam na frente do espelho, satisfeitos com os resultados que obtinham. Passei a imaginar se não dariam um beijinho no espelho, em suas bocas refletidas, em paixão às próprias imagens.

Não tive como não lembrar o primeiro dia em que botei os pés em uma academia de musculação. Depois de preencher a ficha de inscrição, realizar a pesagem e a metragem, fui ordenado a pedalar durante uns dez minutos, como forma de aquecimento. Sentado na bicicleta ergométrica, que ficava ao lado da porta, analisava os brutamontes se exercitando, cerrando os dentes, olhando-se nos espelho, fazendo “muquinho”. Quase saí correndo. O que eu estou fazendo aqui, foi o que pensei.

Não lembro, mas acredito que o exercício de bíceps fora o último que realizei na academia. Depois, só botei os pés lá dentro para falar com o dono, o qual se tornara meu amigo. Justifiquei minha desistência – a falta de tempo, além de não suportar aquelas caretas, o que não revelei – e me despedi, enquanto os “musculosos” permaneciam eufóricos em suas conversas, sobre tríceps, bíceps, peitoral, hipercalóricos, hipertrofia, hiperfutilidades. Depois daquele dia fui para casa e li mais páginas do que o costume de um livro sobre a memória jurisprudencial do ex ministro Evandro Lins. Mas fui feliz, por ter preocupações muito mais plausíveis do que um corpo escultural.

Continuo me exercitando, mas sem precisar me sentir “diminuto” para isso. E faço isso de graça, o que é ainda melhor.