terça-feira, 2 de novembro de 2010

Under Control

Que a música pode exercer um poder imenso na mente de uma pessoa, isso eu já sabia. Tem gente que até se mata no embalo das letras musicais, ou mesmo pelo seu ritmo, ou por aquilo que a música representa. As músicas nos fazem sorrir e nos fazem chorar. As músicas nos intimam a dançar ou nos botam a pensar. Mas tem outro sentimento muito forte que uma música pode trazer a tona em um piscar de olhos: a nostalgia.
Foi só começar a tocar Under Control dos Strokes que minha mente voltou quase dois anos e meio, em uma fase de incertezas e sonhos. A cada estrofe de um power chord simples e uma bateria seca, mesclado com uma voz suave e descompromissada, tantos sonhos  voltavam a minha mente.
Lembro-me bem de cada instante: passava horas no messenger conversando, enquanto a Cachoro Grande tocava no Altas Horas. Ia tomar chimarrão com os amigos, e sempre esperava por uma determinada companhia - e nem sempre ela estava lá, mas a expectativa era tão boa. Eu andava de ônibus para vê-la, tinha de esperar quase uma hora no ponto até que o ônibus viesse e eu voltasse pra casa, já de noite. Enquanto isso, o Strokes tocava no mp3 que não me abandonava nunca. E eu seguia no ritmo indie de minha vida. Hoje quando ouço  esses sons, tudo fica nítido novamente. Voltam os sonhos, as incertezas, a vontade de conquistar, o querer ser melhor, o sentir-se bem com aquele sorriso canoinha tão tímido.
E sabe o que é mais bacana? É que hoje eu lembro de tudo aquilo e vejo que as incertezas acabaram, os sonhos se tornaram realidade, e cada dia eu a conquisto novamente, e sou conquistado cada vez mais por um sorriso que não é mais canoinha e tímido: é um sorriso lindo, reanimador, prazeroso, maravilhoso. E eu tenho a honra de compartilhá-lo.
E lembrar que eu ficava imaginando caminhadas ao longo da cidade, sorrindo, de mãos dadas. Hoje mesmo fizemos isso, com o maior entusiasmo. 
Under Control - cuja tradução eu nem conheço direito - ganha um novo sentido, daquilo que foi, e que agora é. Provavelmente daqui a dois anos ouvirei esta música, e lembrarei do belo passeio de hoje a tarde. Porque esse é um dos maiores poderes da música: nos faz lembrar de coisas boas, daquilo que de importante marcou a nossa vida.

Como tudo começou

Eu estava em casa sozinho. Meus pais haviam viajado para Caçapava do Sul, e eu fiquei em casa porque estava cheio de coisas para estudar, e ainda um trabalho de filosofia do Direito, a fazer, cujo assunto era o Perspectivismo nitzschiano, de uma imensa complexidade, que me tomara muito tempo. Só que naquele feriado as coisas não aconteceram da forma como eu almejava. Eu havia prometido para mim mesmo não perder tempo com leituras alheias às referentes ao trabalho. Mas a leitura estava tão chata (até mesmo pelo fato de eu não conseguir me concentrar  e pouco compreender o que o alemão estava a me dizer) que eu não aguentei e fui dar um giro nos blogs que tenho "favoritados" (os "famosinhos", tipo David Coimbra, Daniel Soares, Thedy Corrêa, Tadeu Marcon, Carlos André Moreira, entre outros). Os caras escrevem bem, chamam a atenção dos leitores e expõem assuntos interessantes de uma forma tão natural. O Coimbra, por exemplo, escreve o que pensa, e escreve de uma maneira tão bacana, fácil de compreender (ao contrário do Nietzsche, diga-se de passagem). O Tadeu Marcon tem uma escrita refinada, com vocabulário rebuscado. Me deu até vontade de escrever. O que fiz? Criei este blog, e decidi ser um desses internautas que escrevem e que várias pessoas leem e admiram. Expor meus sentimentos, meus pensamentos, minha forma "perspectvista" de ver o mundo. Porque de acordo com o Nietzsche, o mundo está na superfície do olho. Isto estava claro, e eu até senti vontade de escrever sobre o assunto.
Só que essa meia hora em que li blogs e criei o meu, me fez refletir e concluir que eu não tenho tamanho dom na arte de escrever, e voltei a estudar, deixando de lado essa ferramenta eletrônica. E, reforçando a minha conclusão de outrora (de carecer de dom da escrita) voltei hoje ao blog, o modifiquei em sua aparência e escrevi este texto, confirmando minha tese, pois ele não acrescentará em nada à vida de quem o lê. Mas pelo menos já um começo. 

Vou seguir tomando meu café antes que ele esfrie.